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Os dois lados da Cannabis


Por Guilherme Queiroz
     
         No dia 10 de julho de 2013 a frágil democracia brasileira ganhou uma ferramenta para tentar minimamente fortalece-la. A resolução nº26 de 2013 foi promulgada pelo então Presidente do Senado, Renan Calheiros, e deu início a uma plataforma online onde os cidadãos brasileiros poderiam manifestar opiniões acerca de propostas legislativas em tramitação no senado (e-Cidadania). Os cidadãos também podem enviar propostas que se atingirem 20 mil apoios são encaminhadas para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), onde são votadas pelos senadores que compõem a comissão, e a partir daí, podem ou não virar um projeto de lei.
No dia 26 de junho de 2017, uma proposta foi encaminhada ao e-Cidadania, e conseguiu os 20 mil apoios necessários para ir a discussão a CDH. Redigida pelo cidadão Gabriel Henrique Rodrigues de Lima, a proposta trata da descriminalização do cultivo da maconha para uso pessoal. A página do Facebook do Senado Federal publicou então, um post sobre o assunto.
Imagem do post na página do Facebook do Senado Federal

O post contém um link em que todos podem também opinar sobre a descriminalização, sendo que até o fim dessa postagem,108.783 internautas votaram a favor da descriminalização e 12.966 votaram contra. O relator da sugestão legislativa, o senador Sérgio Petecão, em um relatório publicado no dia 10 de agosto, votou contra a descriminalização. Contudo, a sugestão ainda vai ser discutida na CDH, como disse Petecão: "É um tema polêmico, está na ordem do dia, não podemos nos esquivar e correr desse debate. A comissão poderá dar uma contribuição grande para que possamos ou não aprovar esse tema no senado."
Mas, independentemente do que ocorrer na CDH, é de se pensar que a proposta de Gabriel Henrique é difícil de se tornar uma lei. O parlamento brasileiro, apesar de ter uma tendência mais liberal, é, acima de tudo, conservador.
Conservador nas palavras e nas atitudes. Não podemos na verdade, falar apenas que o nosso parlamento é menos progressista. A sociedade brasileira também foi na onda mundial de avanço do conservadorismo. Não é uma análise muito difícil de ser feita, é só observar um dos possíveis candidatos a presidência da República em 2018, Jair Messias Bolsonaro, que tem um apoio crescente.
Mas ai, caro leitor, conto também com a sua opinião. Seria o Brasil capaz de lidar com a descriminalização da maconha? É claro que a resposta é impossível de ser dada até que isso realmente aconteça. É muito difícil comparar a metamorfose ambulante que nós chamamos de país com outros  lugares que adotaram tal medida. E olha que ainda nem falamos da legalização em si.
Contudo, vamos especular o impossível. Quais seriam os aspectos positivos?
- Um em cada três presos do país responde processos relacionados ao tráfico de drogas. A descriminalização da maconha causaria uma diminuição bastante significativa na população carcerária brasileira, o que significaria uma grande redução de custos ao Estado, além disso, os presídios brasileiros estão superlotados. São 668,2 mil presos para 394,8 mil vagas, segundo dados de 2015.
-A descriminalização é o primeiro passo para a legalização, e com a regulamentação da venda da maconha, o Estado poderia arrecadar milhões de reais com impostos, fenômeno observado por exemplo em Colorado, estado dos Estados Unidos. Em 2015 a arrecadação com impostos sobre a venda da maconha atingiram 135 milhões de dólares, sendo que deste valor total, 35 milhões de dólares foram direcionados para a educação.
-Uma pesquisa feita pelo Dr. Rafael Lanaro revelou que a maconha mais consumida do Brasil, a popularmente conhecida como "prensada", contém fungos que crescem sem controle por conta da sua umidade, o que acaba produzindo microtoxinas com grande toxidade. Também foi encontrado policloroprene (neoprene, uma composição sintética da borracha), praguicidas e herbicidas como o Paraquat, que é extremamente tóxico. Ou seja, se a plantação para consumo próprio fosse descriminalizada, a saúde dos usuários ficaria em menor risco.
Imagem: http://deolhonocariri.com.br/2015/09/03/preso-casal-com-maconha-que-iria-abastecer-sao-sebastiao-do-umbuzeiro/
Mas, nem tudo são rosas, claro que existem consequências não tão boas assim:
-Em 2001 Portugal descriminalizou a maconha, e em 2007, segundo pesquisas do Instituto da Droga e da Toxicodepêndencia, o consumo continuado de drogas aumentou em 66%.
-Alguns dos possíveis efeitos colaterais do uso da droga seriam: infertilidade, esquizofrenia, desagregação social. Jovens que utilizam a droga a mais de seis anos tem o dobro da probabilidade de sofrer episódios psicóticos, alucinações e delírios.
-A exposição ao Tetra-Hidrocanabinol (THC) compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre a concentração de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes de trânsito.
Porém, temos que pensar que um dia o álcool já foi ilegal e a cocaína um artigo de farmácia. Uma droga sempre é uma droga, mas cada um faz o que quer com o próprio corpo. Mas e se o número de mortes no trânsito aumentar? Positivo e negativo, mas sempre colorido, nada é preto e branco.



Fontes: x x x x x x x x


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