A onda de furacões escancara tempestade de más ações
Por Larissa Coelho
A recente série de furacões que arrasou o Caribe e a costa leste dos Estados Unidos teve cenas comoventes como o garoto que morreu tentando salvar sua gata e o dono de uma loja que abriu suas instalações para os evacuados, mas não só (muito menos) de bondade e caridade vive o Homem. A solidariedade e a sensibilidade passaram longe de muitos que fugiam do furacão Irma.
A recente série de furacões que arrasou o Caribe e a costa leste dos Estados Unidos teve cenas comoventes como o garoto que morreu tentando salvar sua gata e o dono de uma loja que abriu suas instalações para os evacuados, mas não só (muito menos) de bondade e caridade vive o Homem. A solidariedade e a sensibilidade passaram longe de muitos que fugiam do furacão Irma.
A fuga é para os ricos
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Família foge sorridente do furacão Irma em jatinho. Fonte: LISA HOCHSTEINS (INSTAGRAM). |
Em meio ao caos que antecedeu o furacão Irma, no sul da Flórida, voos eram cancelados e a procura de abrigos era grande. Para aqueles de elevado poder aquisitivo, no entanto, a situação era menos dramática: a fuga veio por meio de voos em táxis-aéreos com passagens de até US$ 14 mil.
Não só jatos de empresas, mas também os particulares serviram de veículo de fuga. A milionária Lisa Hochstein, que apareceu no reality show Real Houseviwes of Miami, publicou uma foto em seu Instagram fugindo da Flórida com seu marido, o famoso cirurgião plástico apelidado de The Boob God (o deus dos peitos), o filho e os dois cachorros. A foto recebeu diversos comentários negativos graças a modelo Joanna Kruppa, ex-colega de Hochstein no programa que tuitou: “Para todos esses idiotas que se gabam do jato particular em Miami, por que não oferecem ajuda às famílias e aos animais que não podem sair de lá?". Hochestein, irritada com a má repercussão respondeu: “Embora não seja seu maldito assunto, não éramos os únicos no avião... Todo mundo está contando nas redes sociais como escapou! É assim que eu fiz e não preciso me desculpar ou me esconder por isso”.
Mesmo com a explicação, não faltaram mensagens indignadas na foto original da família sorridente que foge do furacão.
E a seletividade quanto aos resgatados continua...
Para alguns moradores da ilha de Saint Thomas o drama da destruição compartilhou espaço com a indignação. Tendo sobrevivido ao ataque do furacão Irma, que devastou cidades e deixou aeroportos inutilizáveis, viram a esperança de fuga navegar mar adentro com a partida do navio fretado pela rede de hotéis Marriott para hóspedes que ficaram na ilha depois que o aeroporto fechou. Com os suprimentos de água acabando e a eletricidade falhando, as pessoas na ilha temiam que o furacão José, que ainda não havia se deslocado para o norte, pudesse causar mais destruição. Foram, então, ao porto da ilha, 35 pessoas - turistas que não estavam hospedados nos hotéis Marriott - na esperança de que o navio, com lugares de sobra (1300 segundo depoimentos) pudesse levá-los a salvo.
"Simplesmente nos sentimos impotentes", disse Cody Howard, um caçador de tempestades profissional que foi contratado para gravar vídeos do furacão na ilha. Viu sua oportunidade de fuga desaparecer quando o aeroporto local foi fechado. "Somos homens adultos. Sabemos cuidar de nós mesmos", disse ele, em entrevista ao Washington Post, sobre si próprio e seu parceiro. Howard passou por situações semelhantes filmando vídeos do furacão Harvey. "Não precisávamos de muita coisa. Mas foi realmente difícil ver pessoas com crianças e idosos que não tinham para onde ir serem recusados por aquele barco... Para algumas, era a única esperança. Depois que o navio se foi, elas simplesmente se sentiram desesperadas e impotentes."
Naomi Michail Ayala, uma estudante de Dallas que estava de férias em Saint Thomas, gravou um vídeo no celular no qual narra a situação: "Eles desligaram as luzes para nos mandar embora... Tinham 600 vagas, preencheram 300 com hóspedes do Marriott e estamos aqui, cerca de 35 pessoas, e eles não nos deixam entrar no barco [...] para voltar para casa [...] Então teremos que enfrentar o furacão San José na ilha de Saint Thomas, depois de haver encarado há alguns dias o furacão Irma... Não temos água, comida e nem para onde ir... Eles nos abandonaram".
Mesmo com a explicação, não faltaram mensagens indignadas na foto original da família sorridente que foge do furacão.
E a seletividade quanto aos resgatados continua...
Para alguns moradores da ilha de Saint Thomas o drama da destruição compartilhou espaço com a indignação. Tendo sobrevivido ao ataque do furacão Irma, que devastou cidades e deixou aeroportos inutilizáveis, viram a esperança de fuga navegar mar adentro com a partida do navio fretado pela rede de hotéis Marriott para hóspedes que ficaram na ilha depois que o aeroporto fechou. Com os suprimentos de água acabando e a eletricidade falhando, as pessoas na ilha temiam que o furacão José, que ainda não havia se deslocado para o norte, pudesse causar mais destruição. Foram, então, ao porto da ilha, 35 pessoas - turistas que não estavam hospedados nos hotéis Marriott - na esperança de que o navio, com lugares de sobra (1300 segundo depoimentos) pudesse levá-los a salvo.
"Simplesmente nos sentimos impotentes", disse Cody Howard, um caçador de tempestades profissional que foi contratado para gravar vídeos do furacão na ilha. Viu sua oportunidade de fuga desaparecer quando o aeroporto local foi fechado. "Somos homens adultos. Sabemos cuidar de nós mesmos", disse ele, em entrevista ao Washington Post, sobre si próprio e seu parceiro. Howard passou por situações semelhantes filmando vídeos do furacão Harvey. "Não precisávamos de muita coisa. Mas foi realmente difícil ver pessoas com crianças e idosos que não tinham para onde ir serem recusados por aquele barco... Para algumas, era a única esperança. Depois que o navio se foi, elas simplesmente se sentiram desesperadas e impotentes."
Naomi Michail Ayala, uma estudante de Dallas que estava de férias em Saint Thomas, gravou um vídeo no celular no qual narra a situação: "Eles desligaram as luzes para nos mandar embora... Tinham 600 vagas, preencheram 300 com hóspedes do Marriott e estamos aqui, cerca de 35 pessoas, e eles não nos deixam entrar no barco [...] para voltar para casa [...] Então teremos que enfrentar o furacão San José na ilha de Saint Thomas, depois de haver encarado há alguns dias o furacão Irma... Não temos água, comida e nem para onde ir... Eles nos abandonaram".
Went to see if I could use Amazon Prime to get more water over to my family in South Florida for Irma. Check out the price they quoted me. pic.twitter.com/FlrQB331tE— Diana Moskovitz (@DianaMoskovitz) 5 de setembro de 2017
O Ministério Público do Texas recebeu, nos últimos dias, mais de 500 queixas sobre aumentos de preços semelhantes por causa dos furacões. O órgão prometeu que as queixas serão investigadas e multadas em conformidade com a lei.
Por fim, tome as precauções necessárias, mas não esqueça de trabalhar
A rede de fast-food Pizza Hut teve sua imagem corporativa comprometida quando um gerente de uma unidade em Jacksonville, Flórida, afixou um memorando no qual o chefe pedia aos empregados que tomassem todas as precauções necessárias, mas lembrava que qualquer atraso nos turnos seria punido como de costume. O recado viralizou na internet causando a ira dos usuários.
"Não estar presente nos turnos , independentemente da razão, será considerado uma falta e a correspondente documentação será emitida", dizia o comunicado. "Depois da tempestade, precisamos de todos os membros da equipe para pormos o restaurante em condições e a funcionar para servimos as nossas comunidades".
"A Pizza Hut paga o salário mínimo, mas quer que seus empregados arrisquem suas vidas pelos lucros da empresa", tuitou um usuário ao lado da foto do memorando. A empresa divulgou um comunicado desvinculando-se da decisão do gerente.
"A Pizza Hut paga o salário mínimo, mas quer que seus empregados arrisquem suas vidas pelos lucros da empresa", tuitou um usuário ao lado da foto do memorando. A empresa divulgou um comunicado desvinculando-se da decisão do gerente.
Pizza Hut wants its minimum wage employees to risk their lives for corporate profits. (@KatiSipp) pic.twitter.com/r8rwb3O7I6— Jacobin (@jacobinmag) 11 de setembro de 2017
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