Body Positive: A prova de que todos os corpos podem ser incríveis
Por Lara Sylvia
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Projeto Resistir da marca de lingerie The Bralette Boutique que conta as histórias de aceitação do corpo de dez mulheres. Foto: The Brallete Boutique |
Em meio aos padrões de beleza inalcançáveis que vêm tomando conta da mídia e da vida de milhões de mulheres há muitos anos, existe um movimento que veio nos trazer uma pitada de esperança e autoestima. O Body Positive (corpo positivo, em inglês) é um movimento online de mulheres em mídias e redes sociais, como Instagram e Youtube, que visa a auto aceitação e provar que é possível adotar um estilo de vida livre de tanta pressão estética.
Desde digital influencers a pessoas comuns, esse movimento tem mudado a perspectiva feminina sobre a sua forma física. Ele começou nos Estados Unidos com garotas e mulheres de variadas idades que, após terem passado por problemas relacionados à auto imagem, como baixa auto estima, distúrbios alimentares e depressão, perceberam que não havia problema algum com o próprio corpo e sim com a forma que a mídia capitalista nos faz consumir uma beleza padronizada tida como perfeita ou mais saudável, o que geralmente inclui ser magra, alta, sem celulite, estrias ou quaisquer tipo de "defeitos".
As mulheres ativistas do Body Positive quase sempre são pessoas fora do padrão que incentivam o debate sobre a aceitação do corpo em suas redes sociais através de vídeos sobre o assunto, textos e fotografias no estilo "antes e depois", só que o inverso das do tipo "fitness", nas quais é mostrada a evolução de um corpo gordo para outro magro. Nessas, elas tentam parecer o mais natural e verdadeiras possível, pois procuram alertar sobre o impacto negativo que imagens de corpos impecáveis de capas de revista, que, na verdade, são predominantemente editadas, modificadas e posadas, podem causar às jovens da geração atual e das que estão por vir.
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Foto posada vs. foto natural da feminista e ativista corporal Megan Jayne Crabbe. Foto: @bodyposipanda |
Fotos desse gênero popularizaram no Instagram após a publicação de Taryn Brumfitt, a criadora do documentário Embrace e fundadora do Body Image Movement (BIM), um projeto que promove a autoestima feminina pós-gravidez. Após ter três filhos, ela passou a odiar seu corpo e a tentar mudá-lo radicalmente, mas ainda assim não se sentiu satisfeita. Ao pensar no ensinamento que estaria passando à sua filha, ela começou a se aceitar do jeito que é, e apenas depois disso encontrou a felicidade. Seu filme foi lançado em maio deste ano no Netflix e narra a trajetória de Taryn por diversos países no intuito de conversar com mulheres sobre a imagem que elas têm de si mesmas e analisar a indústria da beleza e da moda, que perpetuam os padrões estéticos.
Histórias com a de Taryn estão se tornando cada vez comuns. É o caso de algumas brasileiras que ficaram muito conhecidas por promoverem a aceitação corporal, como Miriam Bottan (@mbottan), do Instagram, e Ellora Haonne (@ellorahaonne), do canal de mesmo nome, que venceram a bulimia e apreciam até as dobrinhas de suas barrigas. Assim como Luiza Junqueira (luizajunquerida), Alexandra Gurgel (@alexandrismos) e Ju Romano (@ju_romano) que também são youtubers e falam sobre gordofobia e amor próprio.
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Taryn Brumfitt antes e depois de amar o seu corpo com as marcas da gravidez . Foto: Divulgação |
Justamente por tentarem desconstruir os paradigmas, midiáticos, acabam sofrendo com comentários preconceituosos na internet. As mulheres, gordas principalmente, que tentam inspirar outras a amarem seus corpos independente da opinião dos outros, recebem várias mensagens ofensivas, machistas, racistas, no caso das negras, e gordofóbicas sobre sua aparência. Porém, o movimento, que está ligado diretamente ao feminismo, resiste e faz efeito: segundo pesquisas apresentadas na edição 124 da Convenção da Associação Americana de Psicologia, em 2016, foi constatado que o sexo feminino está mais contente com o seu físico do que em 1980 e 1990, e que há uma grande chance dessa mudança ter sido causada também pelas campanhas de aceitação da diversidade corporal.
Apesar do grande avanço do ativismo em prol da atitude positiva em relação ao corpo, pesquisas divulgadas no documentário Embrace mostram que 91% das mulheres ainda não se sentem satisfeitas com o que vêem no espelho. Por essa razão, é muito importante que existam cada vez mais conteúdos como o Body Positive para serem consumidos, na internet e fora dela, que ajudem as garotas a amar a si mesmas cada vez mais e perceber que existe beleza nos corpos iguais aos delas e nos diferentes também.
Confira mais alguns perfis para se inspirar:
@iskra![]() |
A youtuber Ellora Haonne se sente super confortável com a sua barriguinha. Foto: Kira Lopes |
@tessholliday
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