As novas formas de transmissão e os velhos problemas
Por Enzo Kfouri
Quarta-feira, 22h, o fim do dia para quem acorda cedo, mas apenas o começo de uma noite mal dormida para os amantes do futebol. Toda a semana a mesma rotina e o mesmo sono acumulado para quem se atreve a ficar acordado para assistir às partidas do campeonato brasileiro, copa do Brasil ou Libertadores no meio da semana.
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Estádio do Pacaembu em noite de Santos e Flamengo, pela 18ª rodada do Brasileirão. Partida começou às 21:45. Fonte: Paula Marina Castro/Site Esportividade |
Quarta-feira, 22h, o fim do dia para quem acorda cedo, mas apenas o começo de uma noite mal dormida para os amantes do futebol. Toda a semana a mesma rotina e o mesmo sono acumulado para quem se atreve a ficar acordado para assistir às partidas do campeonato brasileiro, copa do Brasil ou Libertadores no meio da semana.
Durante as eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2018 não eram raras as partidas que começavam às 17h30, 19h30 ou 20h, a exemplos de Brasil X Uruguai e Brasil X Colômbia, este último disputado na terça-feira passada. Em toda a América Latina, na realidade, as partidas tendem a se iniciar mais cedo, com exceção do Brasil.
Em um país em que as linhas do metrô e da CPTM se encerram às 00h parece inconcebível a realização de partidas que se encerram nesse horário, porém estamos falando de Brasil. A explicação disso na verdade é bem simples: não se tratam de questões de logística como transporte dos atletas ou adaptação ao local do jogo, mas de direitos de transmissão, comprados por uma grande emissora do país, que acaba decidindo os horários que os jogos acontecerão. Mas então por que ela acaba selecionando um horário tão tarde para a exibição? Muito simples, porque esse é o horário mais lucrativo, pois não atrapalha a programação do canal e permite exibir a novela das 21h sem interrupções.
Entretanto, este não é só um problema do futebol exclusivamente, uma vez que a final da Liga Mundial de Vôlei 2017, sediada em Curitiba no início de Julho sob um frio de 11ºC, ocorreu às 23h05. Engana-se porém quem pensa que o horário das partidas é o único problema acerca da transmissão de eventos esportivos. Para os fãs de outros esportes, há também a dificuldade de encontrar onde assistir determinados torneios que não são exibidos pelos grandes canais esportivos.
Não se encontra fácil na televisão a cabo (na aberta nem se comenta) a cobertura de jogos de handebol, vôlei ou polo aquático. Depois do Campeonato Sul-americano de Vôlei e sua cobertura modesta, em que foram televisionadas somente a semifinal e a final de um campeonato que permite a classificação para o campeonato mundial no ano seguinte, o exemplo mais recente de descaso é a Copa dos Campeões de Vôlei, disputada em Tóquio, no Japão.
Seleção Masculina na Liga Mundial de Võlei 2017, em Curitiba. Evento teve a final iniciada às 23h05, sob um frio de 11ºC. Fonte: Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) |
Por conta de problemas como esses, as federações internacionais estudam novos meios de se transmitirem eventos e estão cada vez mais se voltando para a internet e as “lives” em redes sociais. No caso do campeonato citado acima, a FIVB (Federação Internacional de Voleibol) disponibilizou em sua conta no YouTube a cobertura com narração em inglês de todos os jogos. O mesmo foi feito, via Facebook, com a CBF em junho, a respeito da transmissão de amistosos da seleção brasileira contra Austrália e Argentina, quando não se conseguiram acordos de exibição na televisão.
A novidade mais recente é a plataforma Sportflix, uma rede de streaming de eventos esportivos semelhante à tão popular Netflix. Nela seriam exibidos jogos de futebol, basquete, tênis, golfe, futebol americano e hóquei, além de eventos como a Copa do Mundo e Olimpíadas. A ideia era lançar em 30 de agosto, com assinaturas que iam de U$19,99 a U$29,99 por mês, mas devido a algumas complicações com canais de televisão pagos e acusações de pirataria, o serviço ainda não está disponível e não possui data para lançamento.
A novidade mais recente é a plataforma Sportflix, uma rede de streaming de eventos esportivos semelhante à tão popular Netflix. Nela seriam exibidos jogos de futebol, basquete, tênis, golfe, futebol americano e hóquei, além de eventos como a Copa do Mundo e Olimpíadas. A ideia era lançar em 30 de agosto, com assinaturas que iam de U$19,99 a U$29,99 por mês, mas devido a algumas complicações com canais de televisão pagos e acusações de pirataria, o serviço ainda não está disponível e não possui data para lançamento.
Assim, o que se tem de interessante é a procura por parte das confederações esportivas para acabar com o monopólio das transmissões e a descoberta de novos meios de divulgar campeonatos ou eventos. Ainda está tudo no começo, mas há motivos para os grandes canais esportivos se preocuparem.
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