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A representação feminina por Sofia Coppola


Por Aline Reis

Anteriormente sempre relacionada ao pai, Francis Coppola, ou aos pequenos papéis como atriz, Sofia Coppola tem construído um legado por meio da maneira memorável com a qual tem dirigido seus filmes. De forma muito competente, Coppola tem mostrado sua arte àqueles que duvidavam da capacidade de uma diretora em mostrar mulheres humanas, que sentem, falam, amam e erram.

A diretora estadunidense é a cabeça e a alma de belas produções, como As Virgens Suicidas, Encontros e Desencontros,  Maria Antonieta e  O Estranho que Nós Amamos, seu mais novo trabalho. Coppola tem um jeito único de guiar o telespectador pela historia. Seus filmes são marcados por longas tomadas, com paletas de cores que transmitem emoções e trilha sonora pontual, essenciais na construção do clima individual se cada filme.

Mas nem só de aspectos técnicos os filmes de Coppola são feitos. Longe disso. Os elementos mais interessantes que compõem os filmes da diretora são as personagens, principalmente as femininas, que são representadas de maneira pouco vista no cinema. As mulheres de suas produções são vivas, sentindo tristeza, alegria, amor e arrependimento sem que isso as diminua ou as torne "mais fracas". Elas são amigas, mães e irmãs que interagem com outras mulheres, assim como acontece na vida real, e não são reduzidas às suas relações com homens, não que isso as impeça de se apaixonarem ou terem relacionamentos; as mulheres construídas por Sofia desenvolvem relações e tem seus corações partidos, sendo humanas acima de tudo.



As personagens de Sofia Coppola. Fotos: Reprodução

Sofia consegue retratar o universo feminino sem apelar para os viários clichês - como o da femme fatale ou o da dama em perigo -, permitindo que as mulheres que assistam aos seus filmes possam identificar-se com as personagens, uma vez que tudo aquilo poderia estar acontecendo na vida de qualquer um fora das telas.

Uma pesquisa realizada pela Universidade do Sul da Califórnia analisou os 100 longas-metragens mais lucrativos lançados entre 2007 e 2016, constatando que dos 1114 cineastas responsáveis pelos filmes, 96% eram homens e 4% eram mulheres, o que significa uma proporção de quase 24 diretores para cada diretora. Com dados tão alarmantes, precisamos dar atenção para as poucas mulheres que fazem parte do universo cinematográfico, ainda mais quando elas falam sobre outras mulheres com tamanho cuidado e habilidade.

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