A depressão caminha pelos corredores da universidade
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Cartaz de apoio aos estudantes. Fonte: Frente Universitária de Saúde Mental |
A saúde mental está
em crise. Transtornos psicológicos gravíssimos, como a depressão, hoje afetam
diversos estudantes de todo o Brasil, como Olga Skaf, aluna de Medicina, que, em
entrevista ao Estadão, relata o susto e as dificuldades de lidar com a doença.
“No terceiro ano do curso, eu deixei de ter prazer
em ir às aulas, em fazer esporte, não conseguia sair da cama, comecei a perder
os dias de prova. Sentia que minha vida era insignificante”, contou ao veículo.
Infelizmente, Skaf não é a única: nos últimos cinco anos, só na UFSCAR, foram
22 tentativas de suicídio e na Unifesp, cinco estudantes tiraram a própria vida.
Na UFABC, 11% de alunos trancaram a matrícula no último ano em decorrência de
transtornos psicológicos.
De acordo com um
estudo liderado pela Unicamp, que avaliou o perfil de 1.237 estudantes, a busca
por um tratamento pode evitar que o aluno abandone o curso. “Já
sabíamos que transtornos mentais têm impacto negativo no desempenho acadêmico.
Mas agora identificamos que, embora o aluno que busca ajuda demore mais para
concluir o curso, as chances de evasão são menores até mesmo em relação à
população em geral”, explicou a coordenadora do serviço e co-orientadora do
estudo, Tania Maron.
A psicóloga Marina Pereira explica, para o JornalSOL, que esse boom é causado pela
frustação dos jovens de não corresponder as expectativas dos pais e as
obrigações sociais: “Na realidade, muitos
continuam a acreditar que, um dia, a vida vai mudar, caso acertem na chave dos milhões”. A geração Y, conhecida como millennials é considerada a
geração mais ansiosa e depressiva da história.
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Fonte: Frente Universitária de Saúde Mental |
Contra esse problema iminente,
várias universidades brasileiras iniciaram programas de apoio psicológico: na Unesp, em Botucatu, o curso de
Medicina agora indica um professor mentor para quem teve mudança repentina no
rendimento acadêmico e recomenda a participação de grupos estudantis nas redes
sociais. Já na UFMG, após o suicídio de dois alunos, a
reitoria criou, em 2017, dois núcleos de saúde mental. “Se um fato já aconteceu, é sinal de
que falhamos no processo”, diz a vice-reitora Sandra Almeida ao Estadão. A UFBA criou, também
nesse ano, um programa que foca, principalmente, nos alunos de baixa renda: “Os cotistas sofreram rejeição, até mesmo de
alguns professores”, diz o psicanalista e assessor Marcelo Veras.
Também surgiram iniciativas dos próprios alunos, como a Frente Universitária de Saúde Mental, criada em abril e que engloba estudantes das redes públicas e privadas de São Paulo. Em junho deste ano, eles organizaram uma semana de palestras que abordaram a questão e sua página no Facebook já conta com mais de 27 mil curtidas. "Eu vejo meus colegas surtando, e a gente fala pouco sobre isso. A criação da Frente nos mostra que não estamos sozinhos”, comenta Anna Campos Teotonio, aluna de Medicina da Santa Casa.
Também surgiram iniciativas dos próprios alunos, como a Frente Universitária de Saúde Mental, criada em abril e que engloba estudantes das redes públicas e privadas de São Paulo. Em junho deste ano, eles organizaram uma semana de palestras que abordaram a questão e sua página no Facebook já conta com mais de 27 mil curtidas. "Eu vejo meus colegas surtando, e a gente fala pouco sobre isso. A criação da Frente nos mostra que não estamos sozinhos”, comenta Anna Campos Teotonio, aluna de Medicina da Santa Casa.
Embora seja um caminho árduo, a busca por ajuda é a melhor opção para estudantes com quadro de depressão. O descontrole de uma doença psicológica, que prejudica a vida profissional e social, podendo levar até ao suicídio, é considerado um dos maiores males do século. O mês de setembro relembra a luta daqueles que convivem com o transtorno e incentiva a busca pela solução com a campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio.
Hoje, a aluna Olga Skarf passa por uma fase menos conturbada: “Procurei psiquiatras, passei um tempo viajando, comecei terapia, adotei um cachorro, voltei a fazer trabalho voluntário. Neste ano, retornei para a faculdade sem nunca esquecer que eu tenho de estar sempre alerta. Tristezas, frustrações e pensamentos ruins vão aparecer, mas hoje percebo que não tenho que me esconder ou me mutilar. Aprendi formas de lidar e procurar ajuda.”
Hoje, a aluna Olga Skarf passa por uma fase menos conturbada: “Procurei psiquiatras, passei um tempo viajando, comecei terapia, adotei um cachorro, voltei a fazer trabalho voluntário. Neste ano, retornei para a faculdade sem nunca esquecer que eu tenho de estar sempre alerta. Tristezas, frustrações e pensamentos ruins vão aparecer, mas hoje percebo que não tenho que me esconder ou me mutilar. Aprendi formas de lidar e procurar ajuda.”
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