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O Islã na Europa e no mundo

Por Roberta Domingues


A relação do Islã com a Europa é mais antiga do que muitos pensam.

A história começa no século VIII, ano de 711, com a famigerada “Invasão Moura” na Península Ibérica, região que abriga Portugal e Espanha. Os mouros eram um povo africano islamita que viviam onde é o Marrocos, e “invadiram” a Europa sem enfrentar muita resistência por parte dos habitantes. Seu domínio durou cerca de 780 anos, com a queda definitiva em 1492.

Apesar da retirada dos muçulmanos da Península, sua influência continuava firme e forte por toda a região. Sendo um dos polos da ciência na época, os povos muçulmanos trouxeram consigo grandes avanços na área da matemática, astronomia, medicina, náutica e arquitetura. Eles também são pais de instrumentos que posteriormente seriam fundamentais para as Grandes Navegações do século XVI, como o astrolábio e a bússola, além de serem ótimos cartógrafos frequentemente contratados pela monarquia européia.

Mapa-múndi feito por Muhammad al-Idrisi (1110-1165) a pedido do rei Rogério II da Sicília. Foto: historiadacartografia.com.br


Arquitetura Moderna

Construído no século XIX, o Palácio Nacional da Pena, em Sintra, Portugal, tem como inspiração a arquitetura árabe. É possível identificar tais características em suas formas arredondadas e tetos abobadados, nos beirais, nas torres e nas vibrantes cores de todo o palácio.

Palácio Nacional da Pena, em Sintra, Portugal. Foto: Roberta Domingues.

Os beirais e tetos abobadados são uma referência ao estilo árabe. Foto: Roberta Domingues.

Cores fortes e curvas marcam a influência árabe nas construções em Portugal. Foto: Roberta Domingues.

Ainda em Portugal, ao visitar o Palácio da Bolsa, na cidade do Porto, é possível entrar em uma sala exuberante chamada Salão Árabe. Coberto de ouro, a história diz que os nobres da época pediram a construção desse salão para exibir seu poder econômico. Os detalhes nas paredes são repletos de marcas muçulmanas, como alguns escritos em árabe que dizem "glória a Alá" e "Alá acima de tudo".

Salão Árabe, no prédio do Palácio da Bolsa, no Porto, em Portugal. Foto: Roberta Domingues.

Os detalhes minuciosos e os vitrais coloridos lembram a arquitetura árabe. Foto: Roberta Domingues.


O Islã atualmente

Assombrados por guerras, os países do Oriente Médio veem uma fuga em massa de sua população, de maioria muçulmana, para outros países, em especial para a Europa. Devido aos recorrentes ataques terroristas pelo mundo, junto com essas pessoas chegou o estigma e o medo do “árabe terrorista” entre os milhares de refugiados. Muitos países — como a Hungria, a Polônia e a República Tcheca — se recusaram a aceitar e dar refúgio, enquanto outros países como a Alemanha e o Reino Unido abriram suas fronteiras e viram a chegada de afeganistãos, paquistaneses e sírios, estes sendo mais de 5 milhões pelo mundo. Após fortes críticas tanto da União Europeia quanto da ONU, os países citados aceitaram receber refugiados.


Gráfico: BBC e UNHCR

Gráfico: BBC e Eurostat


A situação dos refugiados tem ficado ainda mais difícil tendo em vista o atual crescimento do conservadorismo no mundo inteiro, como podemos observar nos crescentes números da extrema-direita alemã. Junto com o conservadorismo andam a xenofobia e a islamofobia, os movimentos de ódio, o patriotismo exacerbado e até agressões verbais e físicas contra os imigrantes. No Brasil, as religiões de matriz africana também sofrem com o conservadorismo.




A religião que mais cresce

Uma matéria da revista Exame sobre uma pesquisa feita pelo Pew Research Center, nos Estados Unidos, mostra que o islamismo é a religião que mais cresce no mundo. As famílias muçulmanas têm, em média, 3,1 filhos, enquanto as famílias de outras religiões possuem 2,3 filhos. Ou seja, os estudos mostram que até o final do século é provável que os muçulmanos superarão os cristãos como o maior grupo religioso do planeta.

Hoje, 1,6 bilhão de pessoas se consideram muçulmanas. Diferentemente do que é pensado, a maior parte dos islamicos não vivem no Oriente Médio (20%), mas sim no norte da África e na região da Ásia-Pacífico (62%). O maior país muçulmano do mundo é a Indonésia, que tem 88% de sua população seguindo o Islã, segundo o censo de 2000.

Nos Estados Unidos, os muçulmanos são 1% da população. A pesquisa aponta que, até 2050, o grupo pode se tornar a segunda maior religião do país, representando 2,1% dos habitantes. Na Europa, as estimativas são de que 10% da população seja muçulmana até 2050.


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Foto: Google imagens

Na América do Sul é possível ver o Suriname como país com maior concentração islamita, seguido pela Guiana e Guiana Francesa. A Argentina também vê um crescimento de muçulmanos em sua população. No Brasil, são 35.167 pessoas que se declaram adeptas da religião, segundo dados do censo de 2010. No entanto, outras instituições estimam cerca de 1,5 milhões de islâmicos.


Fontes: Palácio da Pena, BBC, Carta Capital, Cultura da Indonésia, Islamismo no Brasil, Exame, Mundo Estranho

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