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A polêmica dos porcos geneticamente modificados

Por Marina Monari


Foto: Reprodução do Facebook

Antes de tudo, caro leitor, gostaria de deixar claro que essa publicação não tem quaisquer intenções de fazê-lo parar de comer carne, se quisesse ou conseguisse já o teria feito. Meu objetivo aqui é denunciar a nossa insistente escolha pela ignorância daquilo que levamos para o nosso corpo, tanto no consumo de animais quanto no das plantas, já passou da hora de sabermos o que comemos e lutarmos por uma alimentação justa para todos os seres vivos!

Dito isso, essa matéria começa com a revolta de ativistas e internautas do mundo todo após fotos postadas no Facebook de uma fazenda de criação de porcos no Camboja mostrando a situação desses animais. Além de evidenciar as circunstâncias deploráveis do ambiente em que os suínos vivem, a aparência dos bichos é aterrorizante, seus músculos são muito maiores que o normal - os tornando deformados -, o que lhes dificulta terrivelmente a locomoção. De acordo com a ONG PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), o que acontece é uma série de mudanças no código genético dos porcos para que desenvolvam os músculos do jeito desejado pelos produtores.

"Porcos mutantes criados para ficarem enormes só para serem assassinados e depois comidos? Não, não estamos falando da sinopse do filme Okja, da Netflix, e sim do horror real que parece estar ocorrendo em uma fazenda de Camboja, onde porcos geneticamente alterados estão sendo criados para desenvolver massa de músculo", declarou a ONG.

Esse tipo de mutação genética já foi realizada antes em um estudo da Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul, que foi publicado no jornal Journal of Animal Breeding and Genetics. A experiência consiste em um procedimento que fez exatamente com que suínos desenvolvessem mais músculos, os resultados revelaram que essa mudança nos músculos dos animais faria com que os produtores tivessem mais lucro, uma vez que cada indivíduo teria mais carne. Em entrevista para a revista Nature, o cientista líder do estudo, Jin-Soo Kim, afirmou que as mutações poderiam até ser feitas com o próprio processo de criação, uma seleção não-natural, mas demoraria décadas.

Em vídeo publicado no perfil da fazenda Duroc, que tem mais de 25 milhões de visualizações, os criadores parecem se orgulhar de seu experimento, que consiste na transgenia de um único gene, o que significa que os produtores pegaram certo gene de uma espécie e colocaram em outra para que as mudanças nos músculos fossem possíveis. A diferença desse processo para o de seleção não-natural é que esse é muito mais rápido, o que significaria mais lucro em menos tempo. E com isso, os produtores esperam ser os primeiros a produzirem animais geneticamente modificados que possam ser vendidos para consumo, até hoje nenhuma espécie mutagênica foi regularizada por receio de que as carnes possam prejudicar a saúde e causar danos ambientais.

Dos 32 porcos que foram utilizados do estudo, 13 deles sobreviveram por 8 meses, sendo que apenas um foi considerado saudável. Após estes resultados, os cientistas optaram por vender o esperma desses porcos para cruzarem com óvulos de fêmeas não modificadas para minimizar os problemas que o crescimento excessivo dos músculos causa.

Sendo assim, a discussão aqui vai muito além de comer carne ou não, é preciso discutir em quais condições aquilo que comemos sobrevive, quais são os meios para que cresça mais, se o lucro do produtor está sendo o foco único e se vale a pena modificar tanto um ser vivo para que ele possa produzir mais em menos tempo. Tudo aquilo que ingerimos, em principal as proteínas, viram parte do nosso código genético, elas são transformadas no nosso DNA, queremos mesmo continuar transformando nossos corpos dessa forma?

Fontes:  Revista Galileuperfil da fazendao estudo.

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