O poder dos alucinógenos
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Espécies de cogumelos alucinógenos |
Recentemente, cientistas brasileiros publicaram um estudo na revista Scientific Reports que revela algumas propriedades de substâncias alucinógenas não conhecidas. O estudo foi iniciado em minicérebros (estruturas similares ao cérebro humano desenvolvidas a partir de células tronco), que receberam uma quantidade do composto 5-MeO-DMT, encontrado em plantas da América do Sul que provocam alucinações e são usadas para fabricação de rapés ou bebidas fermentadas como o ayahuasca (Chá do Santo Daime).
Dentre os resultados, foi observada uma maior plasticidade neural e melhora nas sinapses cerebrais, ou seja, a comunicação entre as células cerebrais, os neurônios, foi amplificada na presença de tais substâncias. Mais de mil proteínas presentes no cérebro se alteraram e multiplicaram, de maneira que melhoraram as atividades de memória e aprendizado. Segundo o líder da pesquisa, Stevens Rehen, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor de pesquisa do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, apesar destes psicotrópicos serem tidos como substâncias ilícitas atualmente por questões políticas, não pode-se ignorar o potencial clinico destas substâncias. Além das descobertas já descritas, proteínas ligadas à degeneração e inflamação do cérebro foram encontradas em menor quantidade durante os experimentos, o que significa que o LSD, por exemplo, é uma droga com propriedades antidepressivas e anti-inflamatórias.
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LSD em papel |
Um outro estudo, agora mais relacionado com a depressão, foi realizado pela Imperial College de Londres e publicado na revista The Lancet Psychiatry baseado na psilocibina, substância encontrada em algumas espécies de cogumelos endêmicos da América do Sul, México, EUA e Europa. Apesar de não viciar, os "cogumelos mágicos" são tratados como ilícitos por ativarem receptores de serotonina, que são responsáveis pela percepção do corpo e ambiente, o que pode causar alucinações no usuário.
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Composição química do alucinógeno |
Para este estudo, foram selecionados 12 voluntários diagnosticados há mais de 30 anos com depressão e com históricos de diversas tentativas diferentes de tratamento. Uma dessas pessoas, por exemplo, já havia buscado mais de 11 tratamentos diferentes sem qualquer tipo de solução. Foram ministradas doses de psilocibina nos pacientes, com aumentos graduais da quantidade, sempre acompanhadas de música clássica e acompanhamento psicológico. Após a experiência, 8 dos 12 voluntários já não se encontravam no mesmo quadro de depressão observado antes do estudo.
Os pesquisadores explicam que a diferença do tratamento com os cogumelos se dá por conta da grande abertura que o inconsciente tem em relação ao consciente da pessoa que os usa, fazendo com que o tratamento psicológico para chegar ao cerne das causas destas patologias seja facilitado. Sendo assim, depois de uma semana, sintomas de depressão como ansiedade e a perda da capacidade de sentir prazer foram significativamente diminuídos.
Apesar de serem estudos muito importantes para uma sociedade que hoje vive de tabus, ambos ainda estão na fase de testes, ou seja, não são conclusivos; há uma necessidade de grupos maiores e mais resultados para que os estudos possam ser concretos. No entanto, é imprescindível que este assunto seja discutido para que possamos encontrar alternativas, que não são hoje as convencionais, para patologias tão intensas e preocupantes como as da mente.
Além disso, tenha consciência que as substâncias utilizadas para os estudos são controladas e acompanhadas por cientistas e médicos!
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