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CRÔNICA: Sobre humanos e plebeus

     
     Por Marina Monari

Foto: Google Imagens/reprodução.

Dia desses no metrô, eu e minha irmã de vida conversávamos sobre todas as mudanças que observamos nos últimos três anos, o espaço que ficou desde que nos formamos e que agora nos permite falar "no tempo da escola".

Dentre as mudanças, nós.

Ela começou a fazer Letras em São Paulo, eu fui fazer Biologia no interior e em algum momento percebemos que tínhamos nos afastado e a comunicação já não era das melhores. Por indecisões da minha parte (perdoem-me, sou libriana) voltei para São Paulo e decidi aventurar-me no mundo do Jornalismo. Os caminhos para essa nova fase foram difíceis e ela estava lá. Como eu disse, é minha irmã de vida.

Além de todas as idas e vindas, foram tantos estilos de cabelos, meu deus!, longo para baixo da cintura, curto para cima do ombro, verde água, cor de salsicha, amarelo, ruivo e natural. E aí, conversando mais um pouco, nos deparamos com uma série de melhores amigos que já não fazem parte da nossa história presente; e para nós, fãs de raposas e pequenos príncipes, o entendimento talvez tenha demorado mais a chegar.

Já posso até imaginar o que está passando pela sua mente, caro leitor. "De que essa menina tá falando? De raposa, de cabelo, de amizade?", e eu te respondo: de tudo isso!, porque acredite se quiser, conseguimos nomear um personagem do nosso passado para cada corte e cor de cabelo.

E, depois dessa lista que fizemos, nos olhamos e percebemos que o único motivo para estarmos de buchos cheios depois de comer lámen, ali naquele vagão da linha verde, foi termos escolhido permanecer na vida uma da outra, fazendo esforços constantes para não nos perdemos nas encruzilhadas que enfrentamos.

Em todos os momentos de distância em que a imagem dela tornava-se miragem para mim e a minha para ela, nós nos esticamos ao máximo para que, mesmo em estradas diferentes daquela bifurcação, pudéssemos andar juntas. Independente da cor ou do comprimento dos meus cabelos, de quem eu sou agora ou era antes, nós ainda somos, porque decidimos ser todos os dias.

E não pense você que é uma escolha única, são escolhas múltiplas o tempo inteirinho. E, então, eu escolho quem está em Brasília, na Irlanda, em Botucatu, mas escolho também quem me vê cinco dias por semana e até mesmo aqueles que moram comigo. Não é fácil, principalmente quando você não é escolhido de volta. Mas sabe?, o problema com raposas e pequenos príncipes é que a escolha para eles estava feita desde o começo, mas nós, humanos e plebeus, precisamos escolher todos os dias e isso não quer dizer que você seja para mim menos único do que a raposa era para ele. 

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