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Ubatuba cuida do Meio Ambiente



Voluntários do 1º Encontro Super Ecológico recolhem lixo de praias na cidade de Ubatuba, no Litoral paulista

Pelo colaborador Gabriel Paes 


Tenda da APPRU (Amigos na Preservação, Proteção e Respeito a Ubatuba) na praia da Barra Seca. Foto por Gabriel Paes


“Tudo o que eu descarto, penso: para onde vai isso?”

 Muitas vezes, a resposta para a pergunta da pedagoga  —  e também artesã —  Vanessa Nunes (chamada de Parapoti pelos indígenas da aldeia do Prumirim) é o Meio Ambiente. Voluntária no 1º Encontro Super Ecológico, em Ubatuba-SP, ela é também fundadora do projeto Flor do Oceano, batizado com seu apelido em português, e trabalha fazendo arte reciclável com crianças: “Deposito todas as minhas fichas nelas”.
“Sou chamada de sucateira, de lixuda… mas a minha religião é o meio ambiente, nele eu dou a vida e é por isso quero conscientizar as pessoas de que o lixo delas pode ir para a natureza. Elas também devem se perguntar se o lixo vai para o local correto. É nossa obrigação, de mais ninguém.”   (Vanessa Nunes)
Foto por Gabriel Paes
Segundo Vanessa, o “lixo só é lixo” quando misturado. Mas mesmo quando não é descartado em local correto, é possível reciclar e obter, por exemplo, camisetas, além de novas latas e garrafas. Em média, o brasileiro consome o equivalente a 1,5kg e meio de lixo por dia, o que representa 300.000 toneladas no total da população. A reutilização de quaisquer materiais, portanto, é fundamental para evitar o acúmulo de dejetos no Meio Ambiente.
“Gostaria de ver várias pessoas trabalhando pelo Meio Ambiente, principalmente os líderes do nosso país. Ao invés de roubar, deveriam investir em catadores e coletores que abrem sua empresa de reciclagem. São os nosso faxineiros, estão ali para limpar o nosso lixo. Porquê não investir nessas pessoas?”



"Já encontramos até geladeira na costeira! O que isso estava fazendo lá?”, questiona Dona Gilda, presidenta da Coco e Cia (Associação de Reciclagem de Coco Verde e Catadores de Materiais Recicláveis de Ubatuba) e membro do MNCR (Movimento Nacional dos Catadores de materiais Recicláveis). É um trabalho duro, segundo ela, que ainda faz um alerta: “Após 2020, todo o lixo recolhido em Ubatuba ficará na cidade, pois não existirão mais aterros sanitários. A gente precisa cuidar agora”. A maior dificuldade, no entanto, não é recolher o lixo, mas sim ensinar a população como se faz a coleta seletiva e quais são os materiais próprios para reciclagem.
Everaldo trabalha há mais de 20 anos com reciclagem. Ele aponta que os principais problemas do bioma local são relacionados ao lixo urbano, trazido pelo ser humano. Organizador do encontro, ele diz que não há ajuda do poder público: “É tudo feito com voluntários”. Existe um desejo em comum entre os organizadores do projeto e Everaldo logo se pronuncia: “A meta para o futuro é arranjar o tratamento de óleo despejado no oceano. Além do descarte hoje estar sendo feito de maneira incorreta (muitas vezes no mar), a cidade tem potencial para organizar isso”.
Dona Gilda, Jose e Simone, da Coco e Cia. Foto por Gabriel Paes

APPRU
A Amigos na Preservação, Proteção e Respeito a Ubatuba é a ONG responsável pelo primeiro de mutirão de limpeza no Rio Grande, responsável pelo abastecimento da cidade. Preocupados com a preservação do bioma local, uniram forças para apresentar o Super Encontro. A ideia do projeto é passar por todas as praias da cidade (são 92 na costeira e treze espalhadas por cinco ilhas).
A Cetesb (Companhia Ambiental) é quem determina a cor da bandeira alçada em cada uma das praias do Estado e, recentemente, classificou o Rio Acaraú (parte do Rio Itaguá) como o pior de todo o Litoral Norte Paulista, fato que desencadeou a primeira campanha da APPRU:
“Quando nós começamos a campanha do Itaguá Azul, a missão era investigar o que mais poluía Ubatuba. O nosso objetivo, então, é despoluir o rio e obter a Blue Flag. As praias do mundo que têm essa bandeira são referências em preservação.” contou Neto, membro da ONG.
Apesar das metas ambiciosas, os voluntários no projeto afirmam que é possível despoluir as praias em pouco tempo: tudo é uma questão da quantidade de pessoas mobilizadas. Se cada um fizesse a sua parte, com certeza a situação ambiental não estaria tão crítica, no país e no planeta.

“O movimento cresce desenfreado em Ubatuba, mas junto com ele vem uma geração que parece ser mais consciente”
O dia foi repleto de atividades: o biólogo Santiago acompanhou os voluntários da limpeza ao Manguezal da Barra Seca e Jairo Lumertz apresentou seu modelo de prancha Stand Up Paddle (SUP) feito com garrafas plásticas. Ao pôr-do-sol, Michele Manzeti cantou com Juliano Santana e encerrou o Encontro. 
Foto por Gabriel Paes

Jairo (de amarelo) é idealizador da SUP reciclável. 
Foto por Gabriel Paes


As metas ainda estão longe de serem alcançadas, mas o trabalho caminha  — há anos  —  para isso.

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