A união faz a força
Por Enzo Kfouri
Cruzeiro 3 x 1 Corinthians. Olhando
assim pode até parecer apenas mais uma rodada do brasileirão. Entretanto, o
jogo disputado nesse sábado (14/10) não foi com os pés. A partida valeu pela
primeira rodada da temporada 2017/18 da Superliga Masculina, o campeonato
brasileiro de vôlei, e marcou o retorno de uma tendência no esporte: o
investimento de grandes clubes de futebol no segundo esporte mais popular do país.
A aproximação entre os
gramados e as quadras não é nenhuma novidade. Desde as décadas de 70 e 80 clubes
de futebol, a exemplo de Flamengo, Fluminense e Botafogo, estudam a criação de
times de vôlei, expandindo sua área de atuação para além dos estádios.
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Time do Corinthians, novidade de 2017, em jogo pelo Campeonato Paulista. Fonte: Djalma Vassão/Gazeta Press |
Após a união com o Sada, um extinto time de vôlei, em
2006, o Cruzeiro se tornou uma das maiores potências do voleibol masculino e se
consolidou de vez no esporte. Contudo nem sempre isso ocorre, não sendo raro o desligamento
por parte dos clubes de futebol da equipe de vôlei. Muitas vezes os projetos
duram apenas alguns anos por conta da falta de retorno financeiro. Flamengo
(1970-2001), Altético Mineiro (1980-1983) e Palmeiras (1990-2000) são alguns
dos exemplos.
Nota-se, porém, nos últimos
anos, a vinda de novos clubes ao vôlei e o retorno de outros, como é o caso do
Fluminense, que voltou em 2015, após mais de 20 anos fora dos ginásios. A
novidade da vez é o Corinthians, que conquistou esse ano, em seu primeiro de
existência, o vice-campeonato paulista, com um elenco que conta com o líbero bicampeão
olímpico Serginho e os opostos Sidão e Riad, também da seleção brasileira. Além
do timão, somam-se a esse conjunto de equipes Fluminense, Botafogo e o
vitorioso Cruzeiro.
Essa ”invasão”, como muitos
apelidam, revela-se muito interessante, uma vez que sua participação no esporte
tem muito a acrescentar às competições. A vinda de equipes que tem tradição nos
gramados repercute em um aumento grande da visualização e da disseminação da
modalidade. Muitas vezes as equipes com veia futebolística trazem mais
torcedores que o habitual, sendo que estes nem sempre são atraídos pelo jogo em
si, mas pela identificação com seu time.
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Time completo do Cruzeiro após conquista da Supercopa de 2016. Fonte: Divulgação/Cruzeiro |
O levantador da seleção
Bruno Rezende filho do ex-técnico da seleção brasileira Bernardinho, em entrevista a ESPN relata a
importância desse fenômeno para o vôlei. O jogador revelado pelo Fluminense, e
que hoje compete pelo Modena (Itália), diz que esses times ajudam a popularizar
o esporte: “São clubes de massa, vão dar uma visibilidade ainda maior (à
Superliga). E é isso que a gente espera. Seria muito bacana (se tivéssemos mais
times de futebol) porque isso faria com que o voleibol crescesse".
Todavia, é bastante curioso que vemos um dos maiores problemas do futebol
se transformar em algo muito positivo no vôlei: a torcida organizada. Se por um lado temos os "torcedores" como principal vetor dos horrores que a violência gerada pelo fanatismo proporciona,
por outro temos o público como uma grande arma para alavancar o esporte
nacional.
Assim, com mais times disputando,
o campeonato se torna mais conhecido, bem como a própria modalidade. Quem sabe
no futuro, com mais equipes futebolísticas como o Cruzeiro entre os grandes, o
vôlei se torne mais respeitado e admirado. Talvez tenhamos descoberto uma
estratégia para estimular o esporte no país e acabar, ou ao menos diminuir
consideravelmente, com a concentração da torcida no futebol. Mas se de fato vai funcionar, só o futuro nos dirá...
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