Endometriose: Uma realidade silenciosa
Por Lara Sylvia
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A endometriose é uma doença insuficientemente conhecida que prejudica muito a vida das mulheres. Foto por: Bruno Marçal |
Pouco falada, mas muito recorrente, a endometriose é a doença que mais causa infertilidade nas mulheres do mundo inteiro. São cerca de 200 milhões de casos no mundo todo. É muito incerto afirmar o surgimento dela, mas há estudos que confirmam a primeira descrição da patologia em 1860. O nome "endometriose", porém, só passou a existir a partir de 1920, período em que se iniciaram pesquisas mais aprofundadas.
É considerada endometriose quando o tecido endometrial, que reveste o útero e é expelido na menstruação quando não há gravidez, se desloca através do sangue e chega a locais fora da cavidade uterina, como ovários e trompas. Em casos mais graves, o endométrio pode sair do sistema reprodutor e chegar a órgãos como bexiga, intestino, apêndice e até pulmões.
Apesar de existirem várias pesquisas nos últimos 15 anos sobre o assunto, ainda não foi descoberta a causa exata dessa enfermidade. Entretanto, segundo a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), as teorias mais plausíveis são as da menstruação retrógrada, quando o fluxo sanguíneo retornam pelas tubas uterinas, do sistema imunológico fraco ou das células, fora do útero, que se transformam em uma espécie de "outro" endométrio.
Os tratamentos da endometriose incluem o uso de métodos hormonais como os análogos de GnRH + inibidores da aromatase, que diminuem a produção de estrógenos ovarianos, pílulas anticoncepcionais orais, que podem inibir a menstruação, DIU hormonal, que diminui as lesões causadas pela presença de endométrio fora de lugar ou até cirurgias de retirada dos focos de inflamação. Não há cura para essa doença, mas os tratamentos podem dar bons resultados. Em casos mais graves, como pode ocorrer com o endometrioma de ovário e a endometriose profunda intestinal, é necessária a retirada do ovário ou de segmento do intestino com intervenção cirúrgica.
Levando a sério
Mesmo com todos os estudos que comprovam a gravidade da endometriose e o sofrimento impeditivo causado às mulheres, muita gente ainda acredita que as dores causadas por essa disfunção são "frescura". Isso acontece porque a cólica menstrual e a TPM são historicamente consideradas um "drama" feminino.
Em entrevista à revista online Capitolina, o criador do primeiro ambulatório especializado no diagnóstico e tratamento da endometriose no Rio de Janeiro e escritor do livro "Endometriose profunda - o que você precisa saber", Marco Aurelio Pinho Oliveira, afirma: "A doença ainda é muito mal compreendida. (...) Na medida em que a dor é subjetiva, fica mais difícil para que as outras pessoas entendam a real magnitude do sofrimento da mulher portadora. Por isso, não são raras as vezes em que a mulher é taxada de fresca ou acusada de fazer 'corpo mole' no trabalho." Ele também diz acreditar que uma das causas pelas quais leva tanto tempo para diagnosticar essa doença crônica (de 7 a 10 anos) é que, além da sociedade, os profissionais de saúde também negligenciam os sintomas de dor, achando que todo tipo de cólica menstrual faz parte da vida da mulher e acabam não diferenciando da cólica específica do problema que envolve o endométrio.
Em entrevista à revista online Capitolina, o criador do primeiro ambulatório especializado no diagnóstico e tratamento da endometriose no Rio de Janeiro e escritor do livro "Endometriose profunda - o que você precisa saber", Marco Aurelio Pinho Oliveira, afirma: "A doença ainda é muito mal compreendida. (...) Na medida em que a dor é subjetiva, fica mais difícil para que as outras pessoas entendam a real magnitude do sofrimento da mulher portadora. Por isso, não são raras as vezes em que a mulher é taxada de fresca ou acusada de fazer 'corpo mole' no trabalho." Ele também diz acreditar que uma das causas pelas quais leva tanto tempo para diagnosticar essa doença crônica (de 7 a 10 anos) é que, além da sociedade, os profissionais de saúde também negligenciam os sintomas de dor, achando que todo tipo de cólica menstrual faz parte da vida da mulher e acabam não diferenciando da cólica específica do problema que envolve o endométrio.
Uma esperança para o futuro
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Georgia Gabriela, no centro, e os outros quatro vencedores do programa Village To Raise Children. Foto por: Projeto Draft |
Em 2015, a endometriose e as dificuldades que a cercam ganharam muito mais visibilidade quando uma jovem baiana de 19 anos, Georgia Gabriela da Silva Sampaio, escolheu esse tema para seu projeto, que foi premiado em um programa, da universidade Harvard, de incentivo à iniciativas na área de empreendedorismo social voltados à comunidade.
A estudante, atual aluna de Stanford, iniciou suas pesquisas sobre a endometriose após assistir ao sofrimento de sua tia que, ao ter complicações por causa de um diagnóstico tardio, necessitou ter o útero removido. Ela conta, em sua apresentação no TEDxLaçador, que percebeu que "a endometriose não é apenas uma doença, é um problema social, já que o diagnóstico pelo SUS leva em média sete anos para ser realizado, podendo chegar até doze anos. E o diagnóstico pago pode custar até vinte mil reais, o que é claramente inviável para a maioria da população." E ainda acrescenta que os atuais métodos de diagnóstico, laparoscopia, videolaparoscopia, ressonância magnética e ultrassonografia, além de inacessíveis, podem não funcionar. Pensando nas 10 milhões de mulheres que sofrem com o distúrbio no Brasil, Georgia teve sua proposta voltada para o desenvolvimento de um método de diagnóstico da endometriose por exames laboratoriais mais rápidos, baratos e não invasivos. Atualmente continua trabalhando nisso.
Fontes: Revista Capitolina, Albert Einsten, Endometriose, Gineco, Minhavida, Catraca Livre
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