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CRÔNICA: Os nomes misteriosos de Santo André

Por Thays Reis

Entrada do parque. Fonte: Escola Livre de Cinema e Vídeo de Santo André
      
 Pignatari. Pra quem é de Santo André, sabe que é assim que chamamos um parque não muito grande na Av. Utinga que recentemente foi reformado. É um parque que eu, pessoalmente, alimento um carinho muito grande, já que meu pai corre lá desde que ele parou de fumar em 98, ano em que eu nasci. Quando eu e minha irmã éramos pequenas, íamos junto com ele para brincar no parquinho ou na brinquedoteca enquanto meu pai dava voltas intermináveis naquela pista de corrida e, quando ele acabava, tomávamos sorvete ou água de coco. Era assim todo domingo.
       Uns anos atrás, no fim de 2014, o parque foi fechado durante quatro meses para a tal da revitalização e foi entregue em abril de 2015, durante a comemoração dos 462 anos de Santo André. Fizeram iluminação de LED, colocaram aquela academia ao ar livre, espaço pra brincar com os cachorros... mas o projeto mais legal foi a pista de skate de 430 m² que é muito bem utilizada pelos jovens da cidade.
       Depois da Revitalização, colocaram uma placa bem grande “Parque Antônio Pezzolo - Chácara Pignatari”. Antônio Pezzolo? Nunca tinha ouvido falar, muito menos que esse era o real nome do parque. Mas em Santo André tudo se chama pelo nome errado. O shopping ABC é chamado de Mappin, o parque Celso Daniel ainda é chamado de Duque de Caxias, a Oliveira Lima de calçadão e a famosa Perimetral, é, na verdade, Av. Edson Danilo Dotto – só que ninguém sabe.
       Depois da minha surpresa, fui procurar saber mais sobre Antônio Pezzolo. Não encontrei muito sobre ele, e pelo visto, nada de muito interessante havia para ser encontrado. Ele foi um engenheiro que, posteriormente, se tornou prefeito da cidade e criou a Semasa, companhia de água de Santo André e região. No ano em que ele faleceu, seu nome foi dado ao parque em sua homenagem.
        Mas o mais interessante mesmo, foi o que encontrei sobre Francisco "Baby" Matarazzo Pignatari. Eu sabia que a família Pignatari era rica, mas eu não sabia o quanto. Baby, como era chamado, era filho de Lydia Matarazzo, condessa de Matarazzo, e Giulio Pignatari, médico, de família nobre genovesa.
       Baby Pignatari era um playboy, conhecido pela sua vida boêmia e suas conquistas amorosas, mas também um empresário nato. Investiu em minas de cobre na CBC (Companhia Brasileira do Cobre), foi pioneiro na indústria de aviões muito antes da Embraer com o CAP-4 Paulistinha, que contou com suporte de um complexo de indústrias que liderava em Utinga, em Santo André, como a Companhia Brasileira de Zinco, as Indústrias Brasileiras de Máquinas, a Alumínio do Brasil e a Laminação Nacional de Metais.
       Foi um empresário muito bem sucedido que teve muitos outros investimentos menores. Um deles era uma fábrica de purpurina. Sim, ele fazia aviões e também purpurina. E adivinha onde ficava a tal da fábrica? Na chácara Pignatari!
       Em 78 a área foi considerada de utilidade pública, comprada por R$18 milhões e nomeada Parque Regional de Integração de Utinga e incorporou a Praça Pinto Bandeira. Anos depois, em 1995, ano de falecimento de Antônio Pezzolo, o parque finalmente recebeu seu nome atual.
       E digo mais! A brinquedoteca em que eu brincava quando criança era o prédio da fábrica em si, que é conservado até hoje. Agora tudo faz sentido.

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