CRÔNICA: O Começo por ele mesmo
Por Matheus Lopes
"No começo sempre tentamos parecer mais inteligentes do que somos. Afinal, queremos – muito – espaço. Creio eu que esse não é o caso da crônica – sorte a minha! Só somos aquele dia o que somos."
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Arte: Felipe Guga - @ofelipeguga (Divulgação) |
Confesso que ontem eu estava pensando sobre o tema dessa primeira crônica, car@s leitores. Matutando entre meu itinerário de confabulações cronísticas, das duas uma: só sei que nada sei – mais aí era filosófico demais. Seguinte: ficarei com uma apresentação sobre “o começo”. A deixa foi dada à segunda. Mas, primeiramente, não posso deixar de mandar um Fora Tudo – ademais, deixo para os colegas de política soltarem o verbo. Me retenho a isso, hoje. Felizmente, digo já com uma pequena sabeDóriazinha, que este espaço não será unicamente dedicado ao cunho político. Amém!
Tentar-me-ei discorrer sobre algo como a Rodriguiana mundana: “A vida como ela é”. Ou a minha – modesta - interpretação dela. Ou mais alguma coisa que couber nesse espaço; sei lá, às vezes um charuto não é apenas um charuto, e isso dá uma boa crônica. Sempre tenha um bom caderninho em mãos, caro escritor que, porventura, lê este sortudo de sua atenção. À apresentação. Já.
Como aprendiz de cronista, transcrevo aos leitores meus dez mandamentos:
- Não recuso uma boa conversa – ainda mais se o interlocutor me dá um banquete de bandeja.
- Penso de mais, imagino de mais, viajo de mais - tudo isso apenas no meu quarto (como estou fazendo agora).
- Flerto com “Les Amours Imaginaires” praticamente todo dia – me rendeu dezenas de reflexões.
- Todo o começo – de tudo – é dotado de uma pitada de romantismo.
- Observo o comportamento dos meus próximos (e o meu também). É impossível negar este material.
- Não quero dar conta do mundo, deixo isso para a Sra. Poesia.
- Sempre quando posto um texto fico com um pequeno pesar. Acho que falta, quase sempre.
- Não dá só pra falar de coisa séria, ou coisa triste, ou política, ou amor. Não é assim todo dia. Mas tem dia que é!
- Escutais Maria Bethânia – já disse, sabiamente, Clara in Aquarius.
- Penso, logo escrevo. Repenso. Reescrevo – quase um Haikai, né!
Os mandamentos e o começo
Antes de qualquer coisa, os mandamentos mudam. Mudam conforme a gente muda. Óbvio. Procuro escrever algo como “uma carta ao leitor” sempre quando sou chamado para escrever em alguma publicação. Não é sempre (risos), mas eu tento. Contudo, não dá para não dizer: comecei essa prosa crônica ainda no “Jornal Jardim”, publicação que me pariu ao mundo virtual pelo projeto do jornal da escola. Foram dois anos na equipe e, confesso, foi a pré-escola para o jornalismo. Lá foi um começo, aqui, não obstante, será outro. Assim como cada vez que me atrevo cronicando para onde for. Se me for dada a opção: “Editoria A” X “crônica”; fico com a segunda opção.
Os começos são sempre difíceis. Porém, não necessariamente desanimadores. Tudo que eu me atrevi “começar” eu mantive o pique. Será assim, canonicamente, nesse meu espaço às quintas-feiras - hoje, excepcionalmente, cumpro o tratado da vida ansiosa.
Haverá um começo e um fim. Não escreverei uma novela. A crônica, felizmente, nos permite essa brevidade instigante. Bom para os ansiosos, como eu.
No começo sempre tentamos parecer mais inteligentes do que somos. Afinal, queremos – muito – espaço. Creio eu que esse não é o caso da crônica – sorte a minha! Só somos aquele dia o que somos. É o décimo mandamento: “Penso logo escrevo. Repenso. Reescrevo. ”. Quase saiu um “posto” – do verbo postar mesmo..., mas, felizmente, não é assim; minha gaveta está entupida destes desassossegos crônicos. Não adianta. Não seremos Machado de Assis, Pablo Neruda, James Joyce ou qualquer outro puta – me permitam – escritor que pincelou artísticas explicações sobre o ato do ser humano e suas façanhas.
Só sei que quase nada sei. Cá estou em um novo começo. Novo espaço. Antes de mais nada, agradeço ao parça Guilherme Queiroz pela proposta à nova aventura. Nos conhecemos há mais de dez anos. Nos reencontramos esse ano. Novo começo. Ele também escreverá aqui, olha que loucura. Começaremos juntos. O começo não tem começo, ele só acontece. Os mandamentos de hoje não serão os mandamentos de amanhã. Cronista é cronista e ponto. Findo este texto com um: “Até semana que vem”. Com toda certeza, caro leitor, será um novo começo para mim e para vocês.
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