CRÔNICA: A busca
Por Marjorie Wartanian
![]() |
Foto por Vinicius Caires |
Quando pensei em escrever uma crônica lembrei que uma vez - e outra, e outra e mais uma “só para não esquecer” - me disseram que esse gênero tem como assunto o cotidiano. Passei a procurar crônicas na minha vida. Em casa, na faculdade, no ônibus… minha rotina virou objeto de estudo para o texto que eu pretendia escrever. Essa procura incessante me causou, primeiro, uma crise existencial do tipo “por que nada de bom acontece comigo?”, depois uma reflexão sobre o cotidiano: quantos sons, pessoas, cheiros, toques… quantas interações!!! - Quer algo mais cotidiano que isso?!.
Tantas maravilhas dos sentidos se tornaram imperceptíveis porque estamos acostumados com a rotina. Depois dessa descoberta sou outra. Ouço cada conversinha no metrô. Agora sei que “esses ‘político’ são ‘tudo safado’”; Que “a dona Vera, vê se pode, com 74 anos, decidiu ‘largar’ do marido”. Olho cada paisagem - já percebeu como São Paulo é maravilhosa?! - e percebo as pessoas na cidade. Que mistura. É o tal do “hibridismo cultural” de uma aula que eu assisti semana passada, assunto para outra hora. Percebi que as pessoas encostam muito nas outras, elas se olham, se percebem…mas ninguém conversa. Que mundo estranho. Parecemos robôs, vagando, de um lado para o outro. Nosso olhar é sempre para baixo onde, geralmente, se encontram os retângulos brilhantes chamados de celular.
A crise existencial que as crônicas me causaram me fez perceber o mundo. Fiz novos “amigos de metrô” - aquela pessoa que senta do seu lado por 5 estações e passa a saber tudo da sua vida - e percebi as cores da cidade. O Dória ainda não conseguiu acinzentar tudo. Nem vai. Porque, além das paredes, carros e casas, também tem cores nas pessoas. A moda em São Paulo é única. De dentro do ônibus, que costuma correr, é possível identificar apenas as várias cores dos vultos nas ruas. Sempre mais lentos que nós, que estamos voando dentro dos veículos.
O principal ponto desse texto, leitor, é o que a escrita proporciona. A minha busca por um tema para a minha crônica de estreia no blog me proporcionou uma reflexão. Uma reflexão que só aconteceu pela vontade de escrever. Agora, já no fim do meu texto, percebo que escrevi uma crônica sobre fazer crônicas. Redundante? Um pouco. A questão é que esse gênero textual que eu tanto temia me (re)apresentou o mundo. Agora vivo como uma criança em sua primeira vez. A cada crônica escrevo pela primeira vez. E, como dizem, “da primeira vez a gente nunca esquece”.
Tantas maravilhas dos sentidos se tornaram imperceptíveis porque estamos acostumados com a rotina. Depois dessa descoberta sou outra. Ouço cada conversinha no metrô. Agora sei que “esses ‘político’ são ‘tudo safado’”; Que “a dona Vera, vê se pode, com 74 anos, decidiu ‘largar’ do marido”. Olho cada paisagem - já percebeu como São Paulo é maravilhosa?! - e percebo as pessoas na cidade. Que mistura. É o tal do “hibridismo cultural” de uma aula que eu assisti semana passada, assunto para outra hora. Percebi que as pessoas encostam muito nas outras, elas se olham, se percebem…mas ninguém conversa. Que mundo estranho. Parecemos robôs, vagando, de um lado para o outro. Nosso olhar é sempre para baixo onde, geralmente, se encontram os retângulos brilhantes chamados de celular.
A crise existencial que as crônicas me causaram me fez perceber o mundo. Fiz novos “amigos de metrô” - aquela pessoa que senta do seu lado por 5 estações e passa a saber tudo da sua vida - e percebi as cores da cidade. O Dória ainda não conseguiu acinzentar tudo. Nem vai. Porque, além das paredes, carros e casas, também tem cores nas pessoas. A moda em São Paulo é única. De dentro do ônibus, que costuma correr, é possível identificar apenas as várias cores dos vultos nas ruas. Sempre mais lentos que nós, que estamos voando dentro dos veículos.
O principal ponto desse texto, leitor, é o que a escrita proporciona. A minha busca por um tema para a minha crônica de estreia no blog me proporcionou uma reflexão. Uma reflexão que só aconteceu pela vontade de escrever. Agora, já no fim do meu texto, percebo que escrevi uma crônica sobre fazer crônicas. Redundante? Um pouco. A questão é que esse gênero textual que eu tanto temia me (re)apresentou o mundo. Agora vivo como uma criança em sua primeira vez. A cada crônica escrevo pela primeira vez. E, como dizem, “da primeira vez a gente nunca esquece”.
Que lindo! Inspirador.... Parabéns Mah! Só caminhos de luz para você!
ResponderExcluirObrigada pelo carinho!!!
Excluir