A importância das iniciativas musicais para mulheres no Brasil
Por Lara Sylvia
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Banda Cílios e Células, formada exclusivamente por meninas durante a iniciativa feminista Girls Rock Camp Brasil. Foto por: Girls Rock Camp Brasil |
É muito comum ver o sexo feminino atuando na música. Desde que seja nos vocais, é claro. Apesar do mundo estar evoluindo a cada dia mais, as mulheres que se dedicam a instrumentos musicais ainda são muito estigmatizadas. Cotidianamente se vê relatos em que elas contam ter desistido da música por falta de incentivo ou persistido a duras penas, sendo obrigadas a ouvir frases machistas como "você não vai dar conta do recado", "bateria não é coisa de mulher", "isso é instrumento de homem", "você até que toca direitinho para uma garota".
Questões como o machismo e a falta de representatividade feminina na música vêm sendo amplamente discutidas e por isso começaram a surgir algumas iniciativas muito bacanas para encorajar crianças, adultas e senhoras a se inserirem no cenário musical de alguma forma, seja como profissão ou apenas lazer, e mostrar que tocar instrumentos é coisa de mulher, sim.
A Hi Hat Girls Magazine é uma revista online e gratuita que existe desde 2012 e foi feita por bateristas do Brasil todo. É a primeira (e única) publicação que trata exclusivamente de mulheres bateristas da América Latina e tem a missão de incentivar o estudo e o interesse de moças de todas as idades pela música e divulgar informações sobre bateria em geral, além de provar que não há instrumento que elas não possam tocar. A própria publicação se descreve dessa forma: "Através deste veículo, quebramos alguns paradigmas que estavam associados ao instrumento que amamos e tocamos, que na maioria das vezes é considerado um 'instrumento masculino.''
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Oficina de Baterias para Garotas em Juiz de Fora, MG. Foto por: Hi Hat Girls Magazine |
As bateristas pertencentes ao projeto promovem oficinas mensais de bateria grátis em diversos locais do Brasil, como Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As "Oficinas de Bateria para Garotas" podem ser voltadas apenas para crianças e jovens ou abertas para todas as idades, mas na maioria das vezes a presença da mulherada no instrumento do curso é o que há de mais importante. Houve em setembro deste ano, no RJ, em comemoração aos 5 anos da criação da Hi Hat Girls, um evento bastante significativo para ensinar senhoras a partir de 60 anos a tocarem bateria.
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Banda Bomba Tônica, formada no Girls Rock Camp em Sorocaba na edição de 2016. Foto por: Girls Camp Rock Brasil |
Outra ação empoderadora que motiva meninas a "fazer um som" é o Girls Rock Camp Brasil. Apesar de ter sido iniciado nos Estados Unidos, em Portland, em 2011, o movimento já se difundiu por vários locais da Europa e América Latina, e a versão brasileira acontece em Sorocaba e Porto Alegre. Esse é um acampamento diurno de férias exclusivamente para garotas de 7 a 17 anos com duração de uma semana. Durante essa experiência musical super completa, as meninas aprendem a tocar um instrumento musical, como bateria, guitarra, teclado e baixo, formam uma banda e compõe canções autorais, incluindo um show para amigos e familiares no final da atividade. Além de as pequenas aprenderem muito sobre feminismo e as mulheres na música, o acampamento também oferece oficinas de expressão corporal, serigrafia/stencil, composição musical, fanzines, defesa pessoal, imagem e identidade e muito mais. Todos podem ajudar essa iniciativa incrível a continuar existindo, já que é possível fazer doações em dinheiro ou em material e instrumentos musicais, além de se voluntariar para participar das aulas. Projetos de mulheres para mulheres como estes são de grande importância para a autoestima feminina e provam que a música não tem gênero e nem idade.
Fonte: Hi Hat Girls Magazine, Girls Camp Rock Brasil e Porto Alegre, Correio Braziliense, Catraca Livre
Nossa! Que legal!! Eu desconhecia essas iniciativas!! Muito bom, Lara!
ResponderExcluirObrigada! Continue acompanhando!
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