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Imagina na Copa...

Por Enzo Kfouri




Copa de 2018 se vê ameaçada por terroristas. Na foto, logo da competição é projetado na fachada do teatro cinema Bolshoi, no dia de sua divulgação. Fonte: Maxim Shemetov/Reuters


Nessa semana, imagens editadas por organizações aliadas ao grupo terrorista Estado Islâmico de jogadores de futebol como Lionel Messi, Neymar Jr. e Cristiano Ronaldo sendo torturados e mortos foram divulgadas, incitando uma ameaça à organização da Copa do Mundo do ano que vem na Rússia, e viralizaram na internet, levantando um debate a respeito da segurança na competição.

Essa não é a primeira ameaça a eventos esportivos que o EI faz. Em julho, o Intelligence Group (ONG americana líder em rastrear e analisar a atividade online da comunidade extremista global) informou que os terroristas teriam planejado ataques no torneio de tênis de Wimbledon e iria repetir o que aconteceu na saída do show da cantora Ariana Grande, em 22 de maio, em Manchester, que deixou 22 mortos.

Ameaça do EI à Copa de 2018 utilizando os jogadores Neymar e Messi. Na imagem está escrito: "Vocês não terão segurança até que nós a vivamos nos países muçulmanos". Fonte: Divulgação/Twitter

Além disso, vale lembrar que meses antes das olimpíadas no Rio de Janeiro, em agosto do ano passado, o Estado Islâmico chegou a ameaçar publicamente o evento através de uma mensagem no Twitter dizendo que o Brasil seria o próximo alvo. Com isso a segurança foi reforçada e não houve nenhum ataque, nem mesmo de “Lobos Solitários”, como são chamados os aliados aos terroristas que atuam de maneira individual e espontânea.

Em relação à competição do ano que vem, essas imagens também não foram as primeiras a representarem uma ameaça explícita. No último dia 20 a Wafa Media Foundation, porta-voz do ISIS (sigla em inglês para Estado Islâmico) já havia divulgado um pôster que reproduz um homem com um fuzil observando o estádio Luzhniki, em Moscou, que receberá partidas da Copa, com a frase: "Inimigos de Alá na Rússia, eu juro que o fogo dos mujahideen (soldados da guerra santa) queimará vocês, apenas esperem".

A FIFA, contudo, continua confiando em seu sistema de segurança e revelou que não irá mudá-lo, pois o considera extremamente seguro e eficiente. É interessante fazer um paralelo com a proteção da copa anterior, sediada no Brasil em 2014 (aquela em que ocorreu o tal do 7x1, tá lembrado?). Os tempos, por mais que próximos, mostram-se muito diferentes em que ataques terroristas não eram tão rotineiros e comuns. Mesmo assim, na época, o esquema de segurança ficou conhecido por ser o maior já montado no país sob um custo de R$1,113 bilhão.

Com a atuação da segurança em 2014 por meio de 10 eixos estratégicos, com defesa do espaço aéreo, cibernético, marítimo e fluvial, havendo a fiscalização de explosivos, o efetivo contava com 177 mil profissionais. Além disso, também foram criadas a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, 12 Centros Integrados de Comando e Controle regionais nas cidades-sede, dois centros nacionais, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro, e um Centro de Cooperação Policial Internacional, atuando 24 horas por dia. O resultado disso foi o impedimento de 266 estrangeiros de entrarem no país, caracterizando um evento seguro.

Ameaça de Mauxime Hauchard, membro do grupo extremista, ao Brasil capturada de vídeo de propaganda do EI. No tweet se lê: "Brasil, vocês são nosso próximo alvo" Fonte: Reprodução. 


Não é estranho que o Estado Islâmico e outros grupos terroristas sejam seduzidos pela potência que os grandes eventos esportivos têm, uma vez que atingem um número muito grande de pessoas, não sendo inesperado que se ameasse realizar ataques em Copas do Mundo ou Olimpíadas e que a segurança deva ser muito grande, mesmo quando se tratam de países neutros como o próprio Brasil.

Entretanto, a preocupação acerca da Rússia é maior por conta da história do país com o combate aos jihadistas. A nação, juntamente com a França, Inglaterra e EUA, é uma das que mais repudia e lutam contra as atividades terroristas. Somado a isso tem também o atentado em um metrô em São Petersburgo, ocorrido em abril desse ano, que vitimou 14 pessoas e deixou 45 feridos e uma população preocupada.

Se na Copa de 2014 o maior problema que a antecedia eram os protestos da população e a corrupção que cercava a construção dos estádios, na edição de 2018, somado aos atrasos nas obras, vem o problema do terrorismo. A seis meses da abertura da competição cabe à FIFA e à organização do evento trabalhar para que ele se dê da maneira mais segura possível. A nós, resta apenas torcer, assim como torceremos pelo Brasil, para que nada de catastrófico aconteça. Se hoje os atentados são cada vez mais rotineiros, imagina na copa...

3 comentários

  1. Muito completa a sua abordagem sobre as ameaças terroristas para a copa de 2018, Enzo.
    Nem imaginava todo o aparato criado para proteger a copa aqui no Brasil.
    Minha sugestão seria desmistificar um pouco esse tal de Estado Islâmico, uma vez que o impacto que causam é desproporcional à cobertura que lhes é dada. Como agentes da morte, são inexpressivos frente a outros que, atuando inclusive na legalidade, são infinitamente maior s efetivos.
    De qualquer forma, parabéns pelo texto. Muito bem escrito.

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    1. Olá Mauricio, é sempre muito bom ter a sua participação no blog, todos nós autores gostamos muito de interagir com nosso público. Concordo com seu ponto, particularmente não acho que o Estado Islâmico possua toda essa força que eles dizem ter, mas é muitas vezes através do blefe que o terrorismo funciona. Acredito que as autoridades não devam simplesmente negligenciar a segurança, ainda mais por se tratar de um evento que reúne um número grande de pessoas, mas acho interessante ressaltar que em 2014, quando não havia ameaças terroristas latentes, o Brasil desembolsou mais de R$1 bi em segurança. Aí podemos perceber que, assim como tudo em nossa sociedade globalizada, a segurança também tende a virar um produto e as medidas e o combate ao terrorismo, algo extremamente lucrativo.

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