Arte e oficinas culturais na Estação Água Branca
Arte na estação. Que tal aproveitar montagens de uma São Paulo antiga, daquela época em que o Rio Tietê era limpo e a cidade começava a receber milhares de imigrantes da Europa?
Nas paredes da Estação Água Branca, da Linha 7 Rubi, alguns lambes estão colados na parede, contando o passado do bairro com o mesmo nome da estação, e também da Freguesia do Ó, que fica atravessando a ponte mais próxima da Marginal Tietê.
A exposição "Ó: Caminho, Estrada Avenida" contou com o material do Acervo do Santa Marina Atlético Clube. Mas o que torna os lambes colados na parede da estação uma exposição artística, e não fotográfica? Gilberto Tomé, autor da intervenção, remontou as fotos, mesclando elementos gráficos, as fotos antigas e fotos atuais das regiões da Água Branca e da Freguesia.
![]() |
Fonte |
O artista tem um livro que leva o mesmo nome da exposição, e os 30 lambes que estão expostos na estação são algumas das montagens presentes no mesmo.
Mas não acaba por aí, além da exposição, vários eventos culturais estão sendo realizados desde fevereiro ao redor da Água Branca. Oficinas de arte, desenho, caminhadas, rodas de conversa e outros eventos estão incluídos na programação, que você pode conferir no final desse post.
Mas o que existe de tão relevante nesses dois bairros que são tema do trabalho de Tomé? A região da Água Branca é importante por estar relacionada ao desenvolvimento industrial paulistano. A Freguesia do Ó foi fundada basicamente pelo bandeirante Manuel Preto, que explorava a região no começo do século XVII. Preto ergueu uma capela que deu origem a atual Paróquia Nossa Senhora do Ó, que hoje é rodeada por vários barzinhos e pelo Frangó, dono de uma das melhores coxinhas de São Paulo.
Comilanças a parte, com o desenvolvimento da região, foi construída uma estrada de acesso ao outro lado do Rio Anhembi, como era conhecido o trecho do Tietê que passa próximo a Freguesia, conhecido como caminho de Manuel Preto. Mais tarde, passaria a se chamar Avenida Santa Marina, que permanece com o mesmo nome até hoje. Em uma parte dessa avenida cruzaria a Estrada de Ferro Santo-Jundiaí (atual Linha 7 Rubi da CPTM), e uma estação seria erguida, a Estação Água Branca
Com a chegada da linha de trem, imigrantes foram a traídos para a região, e também investimentos. A Vidraria Santa Marina foi construída no final do século XIX, o que acelerou o crescimento da região. A fábrica existe até hoje. A Água Branca faz parte do antigo círculo industrial paulistano, o bairro é onde surgiu o complexo de Francisco Matarazzo, que foi o primeiro parque industrial paulistano com uma noção verticalizada de produção.
![]() |
Uma ilustração do livro de Tomé que contém uma foto das Indústrias Matarazzo atualmente. Fonte. |
Parte dessa história é contada na exposição, que reúne fotos também dos antigos operários dessas indústrias, somente as Indústrias Matarazzo chegaram a empregar 6% da população de São Paulo.
Programação que será realizada no galpão da Rua Carijós nº 360, ao lado da estação:
Oficinas abertas de desenho
1, 8 e 15 de março
• das 15h às 18h: Oficinas abertas de desenho, com Gilberto Tomé – “Desenhar a rua, desenhar na rua” –, abertas ao público, sem necessidade de prévia inscrição.
Ação “Faço seu retrato (cego) se você fizer o meu”
16 de março
• a partir das 16h: ação de rua proposta por Ana Paula Francotti a qualquer pessoa que aceitar o desafio de desenhar o seu rosto, sem olhar para o papel, ao mesmo tempo em que ela desenha o rosto da pessoa, da mesma forma.
Primeira exposição de um dia
10 de março, sábado
• das 11h às 18h: ”Cortes, matrizes e estampas”, gravuras de Paula Escobar Gabbai – com trabalhos que se relacionam com o tema da paisagem da cidade de São Paulo.
Expedição 2 X 1/2 LÉGUA
(ou a forma mais difícil de se visitar uma exposição)
17 de março, sábado, a partir das 7hs
15 vagas
• Com orientação de Renato Hofer, a caminhada foi pensada como um processo de apropriação da cidade, visando estimular seus participantes para a visitação da exposição Ó: Caminho, Estrada, Avenida. Através do caminhar pretende-se levantar questões sobre a distância real e distância afetiva nas cidades, as barreiras visíveis e invisíveis que delimitam nossos percursos e o direito ao espaço público. O ponto de encontro, local de fácil acesso por transporte público, será anunciado aos participantes por e-mail no dia anterior à caminhada. Inscrições e informações: travessiaurbana@gmail.com
Segunda exposição de um dia
17 de março, sábado
• das 11h às 18h: Exposição de um dia – ”Olhares outros” – com fotos, desenhos e imagens de Danilo de Paulo, Rose Steinmetz, James Conway, Paula Janovitch e Renato Hofer realizados a partir das Caminhadas Gráficas nº 1 e 2, que aconteceram durante o período de elaboração do projeto “Ó: Caminho, Estrada, Avenida”;
Roda de conversa sobre projetos urbanísticos na Água Branca
e a paisagem da Freguesia do Ó
24 de março, sábado
• das 11h às 13h: roda de conversa com o arquiteto Paulo Barbosa, a respeito de projetos urbanísticos relacionados à Operação Urbana Consorciada Água Branca e com Leandro Silva, sobre a paisagem como patrimônio imaterial da Freguesia do Ó.
Nenhum comentário
Postar um comentário