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Não Vai Ter Copa?

Por Enzo Kfouri

Meses antes da Copa de 2014, discutia-se nas ruas a possibilidade de ocorrer ou não o evento no Brasil por conta dos protestos que tomaram as ruas no ano anterior. Quatro anos depois, a dois meses do jogo de abertura da edição de 2018, a realização do torneio se tornou uma incógnita, não por impopularidade entre os locais, mas por conflitos diplomáticos que envolvem o país sede e os EUA.

A Rússia possui estreita ligação com o governo sírio, de Bashar Al-Assad,  e o presidente russo Vladimir Putin já havia declarado durante a semana passada que uma ação militar do ocidente em território sírio poderia desencadear uma guerra. Rebatendo a essa afirmação, o presidente dos EUA Donald Trump ironizou no Twitter: “A Rússia promete abater todos os mísseis direcionados à Síria. Prepare-se, Rússia, porque eles serão lançados"

Putin e Trump se cumprimentam em encontro durante a cúpula do G20. Fonte: REUTERS/ Carlos Barria  


Entre farpas em redes sociais e ameaças vazias, todo esse caso ganhou uma repercussão maior quando, na sexta-feira (13), mísseis foram lançados de fato, em um ataque de coalizão orquestrado por EUA, Reino Unido e França contra pelo menos três instalações ligadas a armas químicas nos arredores de Damasco, capital da Síria.

Em resposta ao ocorrido, blogs, perfis e páginas nas redes sociais já adiantam o que seria a concretização de uma Terceira Guerra Mundial. Paralelamente ao aspecto político, suscita-se na internet a dúvida sobre a realização ou não da Copa do Mundo realizada entre junho e julho deste ano em território russo.

Estádio do Maracanã em partida pela Copa de 2014. Fonte: Divulgação/Maracanã

“Segundo o regulamento da FIFA, se o país-sede da Copa estiver em guerra, o evento será realizado na sede anterior”. Essa mensagem circulou fortemente no Facebook e em grupos de Whatsapp, criando nas pessoas a esperança ou a decepção de que o Brasil receberia novamente a Copa. Entretanto, ao contrário do boato espalhado, o regulamento da Copa do Mundo de 2018 é claro e não traz a possibilidade nem do retorno do torneio à sede anterior e nem de ele não acontecer na Rússia.

 Somado a isso, com menos de dois meses para o apito inicial, é impossível  pensar em uma mudança de sede, uma vez que a maioria dos ingressos já foi vendida e é indispensável a realização de eventos-teste antes da competição. Para alegria ou tristeza dos brasileiros, o mais plausível seria o adiamento da competição, como já aconteceu antes, inclusive em períodos de guerra.

Seleção Brasileira durante o hino à capela antes do jogo contra o México na Copa de 2014. Fonte: Estadão
Depois da Copa de 1938 na França, a FIFA optou por não realizar as edições de 1942 e 1946, por conta da 2ª Guerra, adiando o retorno do evento para 1950 no Brasil, um território considerado neutro. Outra ocasião semelhante foi a mudança da sede da Copa de 1986 para o México. Inicialmente o mundial deveria ter sido realizado na Colômbia, que desistiu por conta de dificuldades econômicas e da insatisfação com as exigências da FIFA.

Imaginando um cenário catastrófico, o mais provável seria o adiamento da competição, talvez para 2019 ou 2020, dependendo da situação política que a Rússia se encontraria. De qualquer forma, dificilmente voltaria ao Brasil, já que também há o critério de rodízio de continentes na escolha do país-sede, devendo a próxima Copa ser realizada na Europa ou na Ásia. Assim, fãs ansiosos com o retorno da competição em territórios nacionais, resta apenas esperar por mais alguns anos, caso o país volte a se candidatar no futuro.

2 comentários

  1. Gostei muito da forma como esse assunto foi abordado.
    Apesar de estar ciente da atual situação da Rússia perante as nações europeias e EU no conflito da Síria, não havia me passado a possibilidade de não haver copa esse ano.
    No entanto, a sua abordagem me fez enxergar a situação com outros olhos.
    Parabéns pelo artigo.

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    1. Obrigado pelo apoio de sempre, Mauricio! Ainda não há nada concreto, mas o adiamento da Copa é uma possibilidade e pode ser mais uma consequência do período conflituoso pelo qual estamos passando!

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