SLIDER

Lolita, a orca esquecida

Pela colaboradora Giulia Espir



Lolita em seu tanque, em Miami. Foto: divulgação


“É apenas trágico que Lolita seja mantida nesse ambiente torturador por tanto tempo” é assim que a Dra. Ingrid N. Visser, única bióloga marinha especializada em orcas do mundo, descreve a situação de Lolita. Em seu mini documentário “A Day in the Life of Lolita, The Performing Orca” a bióloga aponta que a orca vive há mais de 40 anos isolada no Miami Seaquarium, na Flórida.

A baleia foi aprisionada na maior captura de orcas da história, quando sete animais da espécie foram enclausuradas e vendidas para parques marinhos pelo mundo. Com apenas quatro anos, e por míseros US$6000, foi vendida para o Miami Seaquarium onde vive até hoje.




Lolita é a orca mais velha do mundo em cativeiro, pesando por volta de 3 toneladas e medindo em torno de 6 metros. Ela vive no menor tanque dos EUA, com aproximadamente 10 metros de comprimento, 24 metros de largura e 6 metros de profundidade no seu ponto mais fundo. Essas condições estão em total desacordo com as normas do Serviço de Inspeção Sanitária e Fitossanitária de Animais e Plantas (APHIS), departamento responsável por essa fiscalização. De acordo com o órgão, o tanque deve ter no mínimo 14 metros de cada lado a partir do ponto central. Além disso, o tanque de Lolita não possui proteção alguma contra o sol, o que pode causar bolhas na pele da baleia e outras complicações. Apesar do conhecimento das irregularidades no Seaquarium de Miami, as autoridades americanas se negam a tomar medidas contra esse absurdo e Lolita continua sofrendo com as consequências, demonstrando que o governo americano não está interessado em proteger os animais que lá vivem (ou sobrevivem).

As orcas são chamadas de baleias assassinas, mas são mamíferos marinhos que pertencem à família dos golfinhos e se alimentam de focas, arraias e peixes. Esses animais – apesar do nome – são extremamente inteligentes, sociáveis e vivem no mesmo grupo durante toda a vida. Também é sabido que essa espécie pode nadar mais de 160km diários enquanto fazem diversas atividades como caçar, dormir e brincar em grupo. Portanto, Lolita estar a mais de 40 anos confinada em um tanque minúsculo e sem nenhum contato com outro animal de sua espécie é uma atrocidade.

Em cativeiro, é comum que orcas apresentem comportamentos anormais e repetitivos, como ficar flutuando sem vida por horas, bater a cabeça contra o concreto, roer as paredes e tirar a cabeça da água reiteradamente. Tal conduta causa sérios danos a saúde dos animais, como ingestão de toxinas, dentes quebrados e machucados na pele, o que leva a diversos tipos de infecções que podem ser fatais. Segundo a Dra. Visser é possível observar exatamente essas atitudes em Lolita, que também exibe queimaduras pelo corpo por conta do sol escaldante de Miami.




Há um plano para que a baleia possa se aposentar em paz, longe dos shows e desse ambiente deplorável em que vive. A ideia é readaptá-la para a vida no oceano, ensinando-a como nadar em um espaço maior e alimentar-se de peixes vivos. Para isso, o plano é leva-la para uma baía que será fechada com redes, onde Lolita poderá ter a sensação de liberdade e a experiência do mar, mas de uma forma controlada. Após esse treinamento, ela será solta no mar aberto, onde poderá se reunir com sua família - que ainda está viva segundo pesquisadores da área que acompanham o grupo a anos.



Mesmo com todos os dados do plano indicando ser o melhor para o bem-estar de Lolita, o Seaquarium de Miami não concorda que a baleia deve ser aposentada e libertada para um ambiente digno de se viver; ao contrário, eles alegam que ela deve permanecer aonde está, pois está sendo bem cuidada e é o lugar mais seguro para ela. Obviamente essa seria a opinião da administração do parque, já que a baleia é vista apenas como um meio de lucro e como um objeto para o entretenimento humano. Apesar de inúmeras tentativas de ativistas para libertar o animal, a corte dos EUA também não aceitou o caso alegando que não há provas suficientes que indicam os maus tratados de Lolita. Em meio a tudo isso, a orca continua confinada e sozinha no menor tanque dos Estados Unidos, apenas esperando o seu fim. É claro de perceber que a situação de Lolita é precária - para dizer o mínimo - e que a crueldade humana não tem limites quando se trata de lucrar com animais enjaulados.

Resultado de imagem para #freelolita


"Isso não é 'entretenimento familiar'" Foto: campanha na internet


Ativistas como a Dra. Visser e a ONG PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) continuam a lutar para que Lolita seja libertada e possa viver o resto de seus dias em um lugar digno para uma orca. Além disso, existem diversas petições e protestos com a hashtag #freelolita circulando pela internet, contudo é de extrema importância que a história dessa orca seja espalhada e compartilhada. Após mais de 40 anos sozinha e presa a uma “piscininha”, Lolita merece a liberdade e um final feliz.

#freelolita















Nenhum comentário

Postar um comentário

© O Articulista • Theme by Maira G.